sexta-feira, 25 de maio de 2018

As cores de um amor

Ele enxergava o mundo em preto e branco até que ela apareceu.
E ela lhe apresentou todas as cores que um amor podia proporcionar.
Talvez ele tenha se apaixonado pelo marrom daqueles olhos ou pelo rosa daquela boca, pode ter sido ainda, o azul daquele vestido no primeiro encontro ou, quiçá, pelo vermelho daquele coração.
Cores que ele se lembra todas as noites antes de dormir.

Mas, se aquelas cores que ele guardava com tanto carinho quiserem se desfazer no ar.
Sobrando aqui na terra apenas palavras tão verdadeiras especialmente escolhidas para este poema.
Não duvide nenhum segundo que as palavras possuem força suficiente por um bom tempo na mente habitar.

Ele enxergava apenas o que era visível para todos, assim como você ou eu.
E ela lhe apresentou o invisível que se acomoda depois do olhar.
Talvez ele tenha enxergado todo o bem que ela poderia lhe causar ou todo o mal que sua falta iria provocar, ele pode ter visto ainda, uma vida toda ao lado dela ou, quem sabe, ter lhe enxergado apenas em um pedido de oração.
Coisas invisíveis vistas que jamais de suas lembranças irão sumir.

Porém, se aquelas coisas invisíveis quiserem um dia a sua natureza invisível abandonar.
Restando aqui na terra apenas recordações que são como brasas que esquentam.
Não duvide nenhum minuto que as recordações podem por um longo tempo no pensamento queimar.
(Gabriel Araújo)

Quadro "Kiss under the rain 2" (2013) de Leonid Afremov.

quarta-feira, 23 de maio de 2018

Manifesto de um coração que não bate mais

Ultimamente venho percebendo que algo que acontecia comigo na infância retornou a minha vida. Por muito tempo eu fui privado de brincar na rua com meus amigos. Via eles correndo pela rua, pelas brechas do portão da minha casa, ouvia os gritos e risadas e ficava com uma intensa vontade de provar aquela alegria. Depois de muito tempo, fiz isso, brinquei, corri, cai, briguei, fiz de tudo, aproveitei por completo e não me sentia mais preso nem nada do tipo. Hoje em dia, venho percebendo que tudo está diferente, por algum motivo, as brechas do portão se tornaram os corredores da escola ou os coletivos que pego, as risadas se tornaram sorrisos bobos e suspiros constantes e os gritos se tornaram beijos. Por algum motivo me privei do amor, mesmo tendo provado, e de certo modo, se lambuzado, não sinto mais isso. Não consigo me entregar mais, não consigo sentir mais...
Ah, o amor, sempre me pergunto quando vou voltar a sentir isso, a gostar das pessoas, a ficar louco de paixão por alguém, ou coisa do tipo. Hoje em dia, só quero encontrar alguém que me prenda numa conversa, me faça sentir antes mesmo de sentir seu corpo junto do meu, que me faça sentir incrível. Mas nem tudo é tão fácil assim, um coração que não bate mais, atrapalha, magoa, cansa e, sinceramente, eu estou sentindo como se já tivesse morrido.
(Elvis Souza)

segunda-feira, 21 de maio de 2018

O colapso da COR

Olhos baixos esses teus
Debaixo desses olhos morava eu?
A fogo queimando neles eu vejo.
Às vezes são negros como a noite sem lua.
São frágeis como um dente de leão que se perde na corrente do vento
Cá estou eu nua dentro das próprias roupas
E vivendo como se fosse gás que evapora
Agora não resta mais nada, só essa cor cinza e fria
É assim quando o amor acaba
As cores vão perdendo o sentido.
Só resta agora seus olhos sem cor.
Vou seguindo nesse caminho onde a poeira não bate.
E onde a Aurora se esconde.
...
Uma dose de café para o poeta, por favor.
(Aquários Gryffindor)

sexta-feira, 11 de maio de 2018

A flor vinda de Monteiro

No solo do meu coração um dia uma flor vinda de Monteiro veio visitar.
Ela enfeitou com a sua beleza toda aquela terra que outras flores rejeitaram morar.
E aquele pobre jardineiro de palavras férteis encontrou talvez algo para a vida toda se inspirar.

Diante todas as estações, o jardineiro prometeu a flor sempre lhe cuidar.
Aquela união, entre o jardineiro e a flor, Deus quis com carinho consagrar.
E aquele pobre jardineiro de sonhos fecundos alcançou quiçá o que há muito tempo orava encontrar...
A felicidade.

No solo do meu coração um dia uma flor vinda de Monteiro veio habitar.
Ela enfeitou com a sua beleza toda aquela terra que outras flores não souberam valorizar.
E aquele pobre jardineiro de palavras férteis encontrou provavelmente algo para a vida toda admirar.

Para outras flores o jardineiro não tinha mais olhos para olhar.
Onde quer que fosse da sua flor ele muito alegre só conseguia recordar.
E aquele pobre jardineiro de sonhos fecundos alcançou possivelmente o que há muito tempo pedia em orações alcançar...
Um amor de verdade.
(Gabriel Araújo)

Quadro "Jovem jardineiro" (1817) de Orest Adamovich Kiprenshy.

quarta-feira, 9 de maio de 2018

Prescrição médica

O amor é droga, das mais nocivas, viciantes e mais raras. Quem a usa tem sintomas perceptíveis. Extrema euforia, suspiros aleatórios, sorrisos bobos, fortes palpitações e sensações similares a “borboletas no estômago”. Não é como alucinógeno, nem entorpecente, embora cause sensações parecidas. Cuidados são necessários, pois causa dependência, longos períodos sem consumo, pode acarretar na petrificação de órgãos, vulgo coração, gerando dificuldades nas relações interpessoais e até estranhos isolamentos. Por isso em todos os casos, por via das dúvidas, procure o seu amor o mais rápido possível e apenas se entregue.*

Se não persistirem os sintomas, o médico deverá ser consultado.
(Elvis Souza)
 *(A menos que se drogue sozinho)


segunda-feira, 7 de maio de 2018

O celeste veste a cor azul nebulosa

Sobe o mar.
Sobe o universo.
Sobe o mar eu nado.
Sobe o universo não tenho gravidade.
O homem sabe mais sobre o universo do que do próprio mar.
Faz naves gigantes no espaço, manda no próprio cosmo, fala que até é gelado.
Atravessa nebulosas, manda seus robôs de lata andarem em terra vermelha.
Crava bandeiras na lua, fala sobre seus buracos.
Teorias loucas do seu nascimento do nada.
Sobe o mar o homem repousa.
Sobe o mar ele sabe pescar, pensar, chorar.
Talvez as pedras do espaço sejam mais densas que o sal.
Talvez o fundo do mar os assustem.
O fundo, o profundo, o abismo, o oculto.
O mar é muito grande
O mar é quase intocável
Até um deles é morto.
ACABOU O ASSUNTO.
O mar é totalmente um desconhecido.
(Aquários Gryffindor)

Quadro "Noite estrelada sobre o Ródano" (1888) de Vincent van Gogh.