Cecília

És o diamante negro destas terras tão velhas e secas.
O fruto guardado do umbuzeiro.
A flor que nasce depois da chuva no Xique-Xique
És a vida que escorre entre cascalhos e pedras.

És a espécie mais bela, natural e endêmica.
Seu aroma pode ser sentido de Natal até em Juazeiro.
Ancestralidade das grandes tribos de Moçambique.
És a água que o peregrino procura. És o azul do São Francisco, és o verde das palmeiras.

Quem diria?!
Que seria você a reivindicar um espaço no meu coração.
Justo você, linda.

Uma mulher arretada em corpo de guria.
Ondas do teu cacho, curvas da tua boca. O exótico é sua essência entre as linhas tênues da imperfeição.
E pense numa imperfeição mais do que perfeita com nome de Cecília.
(Gabriel Araújo)

                                                    Flor da planta Xique- Xique

Saudades daquelas ligações

Eu ligava à noite.
Para aquela que mesmo longe me tinha por perto,
Que ria do que eu falava,
Que esperava toda noite eu ligar.
O amor por ambas as partes, entre aquelas palavras tão carinhosas, se afirmava.

Quantas coisas são memoráveis quando estamos lúdicos em pernoite!?
Quando por novas experiências estamos abertos!?
De forma tão inocente a gente se amava.
Dados que rede social nenhuma consegue registrar.
O tamanho de afeição que aquelas ligações carregavam.

Mais do que aquelas ligações, sinto falta de você.
O que pode ser visto como momento de fraqueza por muitos.
Eu prefiro pensar em saudade daquilo que me completava.
Afinal, todos os poetas gostam de passar horas pensando em infinitos amores, porém eu dei a qualidade de infinito para um único amor.

As lembranças me parecem tão voláteis, mas o seu sorriso será a última coisa que vou esquecer.
Pois, foi a primeira detalhe que notei em você naquele momento fatídico.
Essa relação ganhava a cada dia a grandeza que jamais se estimava.
Hoje, estou numa noite como tantas foram aquelas, estou lembrando dessas coisas enquanto escrevo, para não me sentir a sós com o meu próprio desamor.
(Gabriel Araújo)