quinta-feira, 12 de outubro de 2017

Um soneto melancólico para Ophelia
(Soneto inspirado na personagem criada por 
William Shakespeare na tragédia Hamlet)

O branco do seu vestido se mistura com as cores do campo.
E você parece ser mais uma flor no meio daquelas outras tantas.
Seu cabelo escorre no verde das plantas trazendo ares de fertilidade.
E as plantas em forma de agradecimento lhe enfeitam o corpo.

Quem lhe vê assim, nem sabe as inquietudes que lhe tiram o sono.
Quem lhe vê assim, nem sabe o peso das tardes que lhe atormenta.
A verdade é que nem todo sorriso é sinônimo de felicidade.
Dentro dos olhos de uma mulher se escondem suas verdadeiras emoções, diferente do que alguns pensam, não é um “lugar morto”.

Malvadas são as águas que tiraram o brilho da vida em seus olhos.
Ingratos são os amores que ao longo dos seus dias iludiram seus pensamentos.
Perverso é o tempo que com suas horas intermináveis angustiou o seu sorriso.

Infelizes se tornam as plantas em não conseguir confortar as feridas de seu joelho.
Decepcionados se tornam os passarinhos em não diminuir as dores do seu sofrimento.
Triste se torna a vida em se despedir do seu mais inocente e querido narciso. 
(Gabriel Araújo)

Quadro "Ophelia" (1894) de John William Waterhouse.

O livro

Hoje terminei o livro que me deu
Lembrei-me o quanto falaste dele
E página por página
Lágrima por lágrima
Fui me esvaziando
E a cada palavra
Sua voz ecoava
Enquanto meus olhos procuravam o teu nome
E ao final
Eles te encontraram
Perdida
Nas lembranças
De entrelinhas que encerram o capítulo
De um livro que acabamos
De um livro que só acabou comigo
Assim como você o fez.
(Elvis Souza e Dante Fernandes)