sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

Soneto do arco-íris

Humanos passam por dificuldades.
Dificuldades essas que cerceiam a vista.
Vistas borradas com tonalidades cinzas e sofridas.
Sofrimento que geralmente não é observado por outros olhos.

Olhos nossos ludibriados diariamente com o belo.
Belo que é uma composição branca de construção social.
Social que é generalizado em favorecimento de poucos.
Poucos privilegiados com dias claros artificiais e arcos-íris feitos de giz.

Gizes não reproduzem fielmente a natureza das cores.
Cores que em vão tentam tingir dias gris.
Gris momentos tão necessários de serem contemplados.

A contemplação é a chave para aguentar as feridas e as dores.
Pois, para alcançar a intangível aquarela do arco-íris.
É necessário, primeiro, esperar passar a chuva de dias molhados. 
(Gabriel Araújo)

Quadro "Arco-íris" (1883) de Jules Breton.

quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

Tempo Perdido

Não é questão de amor (próprio)
Ou da falta dele
Se tornou somente um vazio
Cujo o qual você deixou

Eu sei que não é possível
Voltar no tempo
Mas imaginar
É minha única forma
De aguentar este tormento

E mesmo que eu te escreva os melhores versos
Te faça todas as juras de amor possíveis no mundo
Isso nunca será o suficiente
Você nunca estará em meus braços

E eu
Sigo meu caminho sozinho
Até o dia
Em que eu encontre meu ninho.
(Elvis Souza)


quinta-feira, 12 de outubro de 2017

Um soneto melancólico para Ophelia
(Soneto inspirado na personagem criada por 
William Shakespeare na tragédia Hamlet)

O branco do seu vestido se mistura com as cores do campo.
E você parece ser mais uma flor no meio daquelas outras tantas.
Seu cabelo escorre no verde das plantas trazendo ares de fertilidade.
E as plantas em forma de agradecimento lhe enfeitam o corpo.

Quem lhe vê assim, nem sabe as inquietudes que lhe tiram o sono.
Quem lhe vê assim, nem sabe o peso das tardes que lhe atormenta.
A verdade é que nem todo sorriso é sinônimo de felicidade.
Dentro dos olhos de uma mulher se escondem suas verdadeiras emoções, diferente do que alguns pensam, não é um “lugar morto”.

Malvadas são as águas que tiraram o brilho da vida em seus olhos.
Ingratos são os amores que ao longo dos seus dias iludiram seus pensamentos.
Perverso é o tempo que com suas horas intermináveis angustiou o seu sorriso.

Infelizes se tornam as plantas em não conseguir confortar as feridas de seu joelho.
Decepcionados se tornam os passarinhos em não diminuir as dores do seu sofrimento.
Triste se torna a vida em se despedir do seu mais inocente e querido narciso. 
(Gabriel Araújo)

Quadro "Ophelia" (1894) de John William Waterhouse.

O livro

Hoje terminei o livro que me deu
Lembrei-me o quanto falaste dele
E página por página
Lágrima por lágrima
Fui me esvaziando
E a cada palavra
Sua voz ecoava
Enquanto meus olhos procuravam o teu nome
E ao final
Eles te encontraram
Perdida
Nas lembranças
De entrelinhas que encerram o capítulo
De um livro que acabamos
De um livro que só acabou comigo
Assim como você o fez.
(Elvis Souza e Dante Fernandes)




quarta-feira, 27 de setembro de 2017

O carregador de flores

Nas costas está o seu sustento.
Sustento de uma família com três ou quatro filhos.
Filhos que nascem com o perfume e a inocência das flores que carrega.
As flores que enfeitam as casas de brancas senhoritas.

De sol a sol constrói a sua sobrevivência.
Sobrevivência que será recompensada com o sorriso de sua mulher ao chegar em casa.
Casa miserável semelhante ao seu valor na sociedade.
Sociedade onde impera a opressão e o egoísmo.

Existe felicidade no rosto daquele homem apesar de todo o sofrimento.
Sofrimento marcado pelo suor que todos os dias corre pelos seus olhos.
Olhos que demonstra cansaço que para o duro e quente chão lhe entrega.
Ele se entrega, pois sabe que dele depende sua família.

Existe gentileza no modo como ele trata as pessoas apesar de toda a carência.
Carência de oportunidades ou de uma educação que lhe desse asas.
Asas dos pássaros que voam no céu que anunciam a liberdade.
Liberdade de um futuro guardado nas nuvens onde não irá faltar bondade e altruísmo.
(Gabriel Araújo)

Quadro "O carregador de flores" (1935) de Diego Rivera. 

Eutanásia

Não sei
Só sei que
Já se tornou normal
O ciclo vicioso
"Oi, tudo bem?"
....
"Por favor, não fala mais comigo."
A vontade de se entregar
Nasce
Cresce
E morre
Não importa com quem seja
Ela sempre se vai
E o sentimento fica
A dor fica
E sempre é por opção nossa
Memórias machucam
Palavras não confortam
E com uma faca de dois gumes
Eu mato meu sentimento
E a um pedaço de mim mesmo.
(Elvis Souza)


sábado, 2 de setembro de 2017

A Primavera de Botticelli

Seu sorriso é um campo de flores.
É meu lugar preferido para passear.
É a minha terra de refúgio.
É meu mapa com o caminho das Índias, é a minha carta de alforria.

Seus olhos é um quadro cheio de cores.
São minhas paisagens prediletas para visitar.
São as minhas ilhas perdidas frutos de naufrágio.
São pedras filosofais de minha teoria, é a minha invenção de feitiçaria.

Você é fruto escondido no topo da montanha.
Nem todos são capazes de alcançar.
Afável manjar que recompensa todo e qualquer esforço.

Você é ouro guardado que as águas do rio banha.
Nem todos são capazes de encontrar.
Beleza mineral que vive dentro e fora dos meus sonhos.
(Gabriel Araújo)

Quadro "A primavera" (1482) de Sandro Botticelli

Indiferença

Saudades
Significa sentir falta
Mas do que?
De quem não te dava valor?
De algo que só te machucou?
De tudo o que sofreu?

Sinto um vazio
Não sei se foi você que deixou
Mas está presente aqui
Desde que você partiu
E o que eu acho disso?
Nada...

Sentir falta de algo
Se tornou comum
Principalmente pra mim
Viver sem esse "algo"
Se torna mais fácil
Cada vez mais

E mesmo que vá atrás
Nada será como antes
Você não será a mesma
Você só irá fingir
Como sempre fez
Sempre faz

E eu?
Vou arcar com tudo
Aguentar as dores
Se levantar novamente
Sacudir a poeira
E me fazer parte dela...
(Elvis Souza)



sexta-feira, 28 de julho de 2017

Moradores de rua

Vidas perdidas entre vícios.
Vícios que vagam pelas ruas.
Ruas que acomodam esquecidos.
Esquecidos humanos de sonhos desconstruídos.

Humanos que dormem em papelões debaixo de edifícios.
Edifícios cheios de pessoas que praticam falcatruas.
Falcatruas de indivíduos com valores distorcidos.
Distorções que compõem cenários urbanos diluídos.

Como é difícil sentir as dores da ferida de alguém.
Alguém que geralmente procuramos não tocar.
Não tocamos, porque o tato nos rebaixa na condição de iguais, de humanos, e isso, nos acomete.

Como é difícil olhar o mundo pelos olhos de alguém.
Alguém que geralmente procuramos não enxergar.
Não enxergamos, pois sabemos que a vista se compadece, e isso, nos compromete.
(Gabriel Araújo)


Fotografia que faz parte da exposição "Os Quase Invisíveis"
do fotógrafo Fausto Saez.

Rotina

Já faz parte de sua sina
Alguém aparece
Te cativa
Te prende
E te deixa
E quando ele menos percebe
Esta sozinho novamente
Sofrendo

Seus pulsos
Contam histórias...
Que sua boca não ousa contar

Na sua pele
Escorrem palavras
Nascidas das lâminas
Que contam suas mágoas
Do passado
E do futuro
Suas histórias
Suas frustrações
Suas desilusões...

E eu
Só assisto
Como um simples espectador
A admirar sua dor
E limpando seus dejetos
Apagando suas marcas
Deste banheiro
(Elvis Souza)


quarta-feira, 12 de julho de 2017

Soneto: Fagulhas

Seu abraço é como uma fogueira, calor que necessito para suportar as dores do dia.
De seus lábios se soltam fagulhas, em forma de beijos, que encontram dentro do pensamento um lugar perfeito para permanecer.
O seu olhar é de um fogo tão intenso que cria uma marca no chão de destruição na minha zona de conforto.
Quando longe de mim, sinto falta da chama que une os nossos corações.

Esse teu sorriso de "canto de boca" é paisagem que implora pela atenção dos meus olhos, não resisto a essa doce covardia.
O quer que eu faça, onde quer que eu vá, qualquer coisa que eu olho, você sempre está lá. Acho que estou a ponto de enlouquecer.
Você inverteu os padrões, abalou as estruturas, criou necessidades sem olhar as consequências devastou tudo como um terremoto.
De minhas emoções insinuou indagações, de minhas atitudes cobrou ações, de meus carinhos reivindicações.  

Hoje estou preso num círculo de fogo.
O fogo além de aquecer também pode machucar.
O fogo é só mais uma bela metáfora que existe no fato de se apaixonar. Corremos riscos e uma pequena linha separa o amor da dor.

Cada movimento que compõe o jogo.
Só faz o sentimento inflamar. Uma vez acessa, a chama nunca se apaga, ela pode com o tempo diminuir sua intensidade ou perpetuar.
Nessa vida, podemos escolher entre sermos acendedores de fogo ou apagadores que não possuem o menor pudor.
(Gabriel Araújo)


Castelo de Areia

O sol era incessante
Aquecia sua pele
Como um beijo quente
O vento soprava
E seus cabelos
Dançavam
Como num baile
Onde todos sabiam
O que fazer
Detalhadamente
Seu sorriso
Irradiava o mundo
E alegrava
De certa forma
O meu ser...

Seus abraços
Perigosos
E acolhedores
Faziam-me delirar
E sonhar com um futuro
Onde seríamos "nós"
E não dois estranhos

Alimentei um sonho
Uma vontade
Um desejo incessante
E você?
Bem...
Os destruiu
Com apenas uma frase...
(Elvis Souza)


terça-feira, 27 de junho de 2017

Soneto: Amor de festa de São João

Ela estava linda como o céu daquela noite repleto de fogos de artifício.
Seu vestido parecia ter roubado a beleza e as cores das bandeiras da festa.
Seus olhos queimavam que nem as fogueiras da rua.
Sua boca é comida típica que a vista se delicia em apreciar.

E tudo dependeu de uma dança para dar início.
Com o encontro de nossas mãos o amor se manifesta.
Parece que minha boca encontrou dependência na sua.
Teremos o resto da noite para que ela consiga o vício superar.

Parece um cenário perfeito: Eu, você e um “forrozinho” tocando ao fundo.
E depois que nos beijamos, meus olhos flagram que você sorri.
Talvez eu queira, por somente um curto espaço de tempo, na duração desse sorriso sufocante, prolongar-te para o restante dos dias.


Porém, a festa acaba e só de pensar em me desapegar de você começa a me golpear um sofrimento profundo.
E sua respiração cansada, com o restante das forças, implora para eu não desistir.
Talvez eu queira, por apenas um breve momento, na duração de uma respiração ofegante, prolongar-te pelo resto da vida.
(Gabriel Araújo)


                Imagem do tradicional artesanato local

Maré Mansa

Feito o mar
Tu me carregas
Pra longe
Me envolvendo em teus braços
Fazendo-me sonhar alto
Querer sentir teu abraço
Ou só o gosto do teu beijo mais uma vez

E sobre teus olhos castanhos
Eu me perdi
Feito labirinto
Me prendem a ti
E me faz
Prisioneiro
Dessa sensação
De querer estar com você
A todo momento...
(Elvis Souza)


Quadro "Noronha" (2015) do artista Carlos Carpinelli

sábado, 10 de junho de 2017

Maravilha, Mulher


Seus longos cabelos pretos parecem ondas de Themyscira.
O que eu só queria por hoje era naufragar neles.
E como um explorador, eu iria esconder esse tesouro, que é o cheiro do seu cabelo.
No local onde ninguém pudesse ver, enterrá-lo no solo das minhas melhores lembranças.

Esse teus olhos são lares de estrelas que para a vista fascina.                                                                  
O que eu só queria por hoje era contemplar o brilho deles.
E ser como uma criança que ver pela primeira o céu estrelado e se encanta com o belo.
Eu iria reter esse momento em meus sonhos, longe do alcance de todas as ameaças.

Mulher! Tu és a criação mais linda de Deus.
Cada detalhe do teu sorriso foi feito com especial afeto.
O desenho dele aos meus olhos entorpece.

Maravilha! Quero que os seus sonhos se misturem com os meus.
Dessa forma, iremos juntos construir um amo sincero.
Daquele tipo que nem em cem anos se esquece.
(Gabriel Araújo)


Wonder Woman (Mulher-Maravilha) owned by DC Comics.
This sonnet is owned by Blog Versos Simples.
Sonnet for fair use and intended for entertainment purposes.
Linha B

Dois estranhos...
É isso que somos
É o que sempre fomos
Um para o outro.
Até mesmo naquela noite
Na qual desbravamos
A cidade
A noite
O desejo...

E pouco a pouco
Tudo vai se apagando
A memória daquele dia
Se torna algo quase inalcançável
Seu rosto se apaga da minha cabeça
O modo que a luz beijava o teu rosto
E o modo como tua boca beijava a minha.

E mesmo assim
Depois de tudo
Ainda éramos estranhos
E sempre seremos
Até o dia que eu te conhecer.
(Elvis Souza)


sexta-feira, 26 de maio de 2017

Poema: A florista (ou Hortênsia, a flor azul)

"A cultura japonesa diz que as flores azuis representam gratidão, admiração, amor e respeito."

Existia uma pequena loja de flores escondida por entre os grandes prédios do bairro onde morava.
Nessa loja despercebida por todos, havia uma bela florista.
Ela sempre trabalhava sorrindo.
Ela era mais uma flor no meio de todas aquelas outras.
Seu cheiro se misturava com a das flores.
Fazia inveja para orquídeas, girassóis e violetas.
E toda as vezes que eu passava na rua dessa floricultura, estacionava meu carro.
Entrava na loja, inventava uma desculpa para comprar uma flor somente para poder falar com ela, mas ela sabia daquela mentira toda.
Por entre as prateleiras meus olhos procuravam pelos seus olhos.
Aqueles seus olhos azuis possuíam magnetismo.
Ela sorria das minhas atrapalhadas intenções com aqueles seus lábios de pétalas.
A semente do amor estava sendo plantada.
Depois daquele dia, minha vida se dividiu entre trabalho e passeio de mãos dadas.
Eu e a florista passávamos o dia olhando as nuvens.
E em menos de um ano, havia casado com todas aquelas flores.
Todos os dias eram os melhores dias das nossas vidas.
Estava guardando para um momento especial, entregar para ela uma flor azul chamada Hortênsia.
Ela vivia dizendo que amava essas flores, que são nativas da China e do Japão.
Flores que são da mesma cor dos seus lindos olhos.
...

..
Só que existe uma fatalidade nas flores, elas murcham fora da terra.
As flores de plástico não possuem a mesma essência de finitude que as suas irmãs naturais.
E a florista sofreu com uma grave doença.
Que lhe murchou por dentro e por fora.
Retirando dela seu sorriso.
Uma ironia da vida.
Durante os noventa dias que ela ficou internada.
Levei a cada dia uma de suas amigas, uma daquelas flores.
A doença levou parte do seu brilho, parte de sua vida.
O destino queria levar tudo o que eu havia cultivado, deixando o jardineiro sozinho.
No último dia, esperando por uma melhora no seu quadro de saúde.
Levei a Hortênsia.
Esperando que a flor virasse o símbolo de uma recuperação.
Quando entrei no quarto do hospital.
Os olhos daquela flor murcha na cama do hospital se encheram de água.
E eu pude ver aquele lindo sorriso dela novamente.
Era uma despedida.
Depois de entregar a flor, beijei a sua testa massacrada pela doença.
Passei a noite toda segurando suas mãos.
Peguei no sono ao seu lado.
Quando acordei.
Ela já estava morta.
Ela morreu sorrindo e com os olhos fechados.
Uma das mãos estava segurando a minha mão e a outra a Hortênsia.
...

..
Para lhe homenagear.
Construí um santuário de Hortênsia no lugar daquela antiga loja de flores que ela trabalhava.
Distribuí para cada um dos moradores daquele bairro uma muda dessa flor.
Depois, disso o bairro ficou conhecido como o bairro “da flores azuis”.
E todos puderam ver, a partir disso, a beleza que só você conhecia nas Hortênsias.
E por todo o bairro um pedacinho de você se eternizou na paisagem local.

(Gabriel Araújo)





Determinação/Minha criança
(O nome do poema fica a seu critério, caro leitor)

Olá, minha criança
Sei como vão as coisas
Sei o quanto de vezes que você caiu
Sei o quanto chorou
O quanto pensou em desistir...

Mas algo sempre te impediu
Sempre te fez levantar
Secar as lágrimas
Arranjar forças de onde não tinha
E novamente lutar

Pense em todos que te fizeram sorrir
Que você fez sorrir
E imagine
O bem que você faz
Só por estar ali
Perto delas.

Então, agora eu só te peço
Não desista
Não abaixe sua cabeça
E da próxima vez que chorar
Que seja de alegria.

Pois você está cheio de DETERMINAÇÃO.
(Elvis Souza)



sábado, 13 de maio de 2017

Fenda no contínuo espaço-tempo

O amor tem a capacidade de encurtar o tempo, de aproximar as massas, uma fenda no contínuo espaço-tempo.
Uma força invisível mais forte do que muitas forças visíveis, as galáxias.
Uma luz forte que se expande por todas as partes do cosmo, uma supernova.
Uma singularidade, um evento imprevisível, o amor é um fenômeno universal.

O amor tem a capacidade de criar sentidos novos, como as estrelas, de recordar sentidos já existentes, refugiados no pensamento.
Uma força invisível mais forte do que muitas forças visíveis, causa de asfixia.
Uma luz forte que se expande por todas as partes do cosmo e, em si, todas as coisas se renovam.
Uma relação recíproca, um gesto de espera, o amor é quadrimensional.

A paixão é como um cometa.
Que se incendeia quando entra na atmosfera, o flamejante início.
E se esfria rapidamente quando o seu tempo se acaba, seu natural fim.

Já o amor é como um universo, criação de um poeta.
Permanece infinito no imaginário humano, um misterioso vício.
O amor é energia que poucos conseguem ver. O amor é contradição, a qualidade mais encantadora. Ser ao mesmo tempo grandioso como Saturno e modesto como um jasmim.
(Gabriel Araújo)


Em meio a uma crise existencial...
Escreva!

Ser ou não "ser"

Tento compreender
O ser que me tornei
Ou se somente
Deixei de "ser"...

Sinto um enorme vazio
Algo que cresce
A cada momento que passa
Uma espécie de buraco negro
Que absorve Tudo ao meu redor
Me faz machucar quem mais amo
Me faz ser
E deixar de ser

A cada dia uma nova vítima
Segunda, Ana
Terça, Carolina
Quarta...
Isso me destrói

Me olho no espelho
Vejo o que me tornei
Ou o que tomou meu lugar
Vejo seu sorriso sádico
O mesmo que atraí suas vítimas
E percebo que me tornei
Vítima de mim mesmo
E me tornei como você.
(Elvis Souza)