terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

Soneto de Matrioska (Boneca russa)

Você, que vive entre bocas alheias.
Territórios estrangeiros.
Solos de colheita rápida.
Fruto que apenas mata a fome.

Você, de sonhos construídos com areia.
Acostumada com falsos sorrisos corriqueiros.
Uma estátua vazia a partir de ilusões esculpida.
Uma aparência, todos vivem de aparências, para alguns engana para outros consome.

Você, que mente tão bem que consegue enganar a si própria.
Se recolher todos esses cacos no chão será possível lhe encontrar?
Seria possível encontrar o que você insistiu em esconder?

Você, que vive tudo o que a vida pode oferecer e não consegue encontrar a alegria.
Se perguntar para alguém que lhe conheceu será que ele teria alguma coisa boa sobre você para falar?
Será possível que alguém fale que sua vida mudou depois de lhe conhecer?
(Gabriel Araújo)





segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

Soneto da Raiane

A obra de arte dos tempos modernos.
Algo incompreensível para Shakespeare, Beethoven e Picasso
De natureza intangível e palpável.
Uma contradição que só ela sabe explicar.

Sua voz é a melhor degustação que os meus ouvidos já saborearam, um prato de sons serenos.
Tanto conteúdo para uma única pessoa, que até transborda, a poesia vai de encontro com o seu compasso.
Tem ritmo próprio, com pequenas oscilações. Uma cadência admirável.
Teu sorriso é a união de todas as coisas boas que nele consegue se sintetizar.

Raiou, raiou no momento que você chegou, Raiane.
Aproximou, aproximou e sem pedir nada, me ganhou.
Estou refém daquele olhar de mar calmo que mais parece um redemoinho.

Raiou, raiou na hora que teu coração frente a minha resistência saiu triunfante.
Afastou, afastou todas as minhas preocupações, dentro delas me achou.
Sou náufrago em busca da terra firme dos teus sorrisos que são sinônimos de carinho.
(Gabriel Araújo)


domingo, 26 de fevereiro de 2017

Mais um pecador

É tão fácil errar.
É tão humano errar.
Mas, parece que esquecemos da nossa natureza.
Vestimos o manto do falso moralismo e julgamos os erros dos outros.

Além de errar, somos muito bons também em julgar.
Quando fazemos o certo, ninguém está para olhar. Mas, no erro todos estão lá para o dedo lhe apontar.
Julgar é algo tão natural, em nosso corpo, como as impurezas.
Na vida não é fácil equilibrar os preconceitos e os impulsos, mas quando você deixa de se importar com a dores do outro, irá se tornar maior do que alguns monstros.

A maioria querem ser iguais aqueles que jogam pedras na pecadora.
Esquecem do gesto daquele que se opôs por amor a ordem vigente da época.
E olhou para a pecadora e encontrou um ser humano que possui erros como todos os outros que estavam lá.

Existem mais coisas que cegam a visão além da cegueira. A razão nos abandona.
Existem atos que machucam mais do que bola de demolição. O nosso interior se destroça.
Será que existirá alguém para nos ajudar quando for a gente que estiver errado? Mais alguém com uma pedra na mão ou alguém para nos dá a mão para levantar?
(Gabriel Araújo)

sábado, 25 de fevereiro de 2017

Rio de Heráclito

Tudo flui como um rio.
Mensagem dos antigos.
Somos sólidos com caráter de líquido.
Somos algo diferente de ontem e do amanhã, porém ainda somos nós.

Somos atores que trocam de filmes, que habitam em um imaginário cenário.
Entre oscilações de humor, de seres tão bipolares, procuramos por amigos.
Pessoas semelhantes a nós, coletivamente individuais, remendos de um mesmo tecido.
Pessoas que entendam um pouco quem somos ou hajam com indiferença, mas que não nos deixem a sois.

Alguns que já viveram têm seus átomos no Rio Ganges, outros são resultante de esfinges, dos cometas, do rio Sena.
Matéria que se decompõe e recombina em constância harmonia.
O eterno ciclo das coisas. O eterno ciclo da vida.

No reino das aparências cada coração é julgado com uma pena.
Andamos por muitas estradas para encontrar significados, para encontrar a epifania.
Nossos corações podem ser mais pesados ou mais leves do que o peso da pena, as atitudes de cada um determinará a medida.
(Gabriel Araújo) 




Entre erros e acertos

Entre erros e acertos.
Há desejos reprimidos.
Muitos “não” jamais ditos.
Que anteciparam o sofrer.

Entre erros e acertos.
Há lágrimas desconhecidas.
Que regaram utopias.
Enraizadas no viver.

Entre erros e acertos.
Há gritos calados.
As lembranças do passado.
Que desfazem a emoção.

Entre erros e acertos.
Há o tempo que perdi.
O silêncio que não fiz.
Por gritar meu coração.
(Raiane Bartolomeu)


terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

Soneto da Tamires/ Um querido pôr-do-sol (Minduim)
Uma homenagem para uma grande amiga minha.

Muitos poemas vivem, já estão feitos, só precisam serem escritos.
Muitos poemas são lindos, mas nenhum se compara a você.
Muitos poemas são obras da imaginação, outros nascem de pequenos gestos diários.
E é tão lindo o seu jeito de ser poesia.

Apenas um pequeno sorriso seu é capaz de solucionar muitos conflitos.
Um simples gestos que tem muito o que dizer.
Uma doçura que se atreve contra discursos autoritários.
Uma esperança nasce no chão dos corações de seus amigos todos os dias.

Tamires, se você fosse uma flor, seria aquela que resiste firme em todas as estações, um girassol.
Uma flor que cativa e nos coração dos seus amigos encontra moradia.
Uma flor de olhos claros, de cores selecionadas com apreço, uma verdadeira aquarela.

Dona do sorriso que mais parece um pôr-do-sol.
É o primeiro pôr-do-sol que eu vi dizendo bom dia.
Um Pôr-do-sol que emana luz por meio de doces palavras.
(Gabriel Araújo)




sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

Soneto do Flash (Soneto do herói)

Te vi numa fração de instante.
Um instante para você cair daquele prédio.
Um instante em que meu coração acelerado parou.
Um instante depois, seu herói havia lhe salvado.

E depois daqueles segundos, todas as coisas já não eram tão importantes.
Importante se tornou aquele teu sorriso, algo que me tirava e tira do tédio.
Aquele que tanto corria atrás de um motivo, o que tanto procurava, em seu olhar encontrou.
Aquele que tanto salvava, hoje é salvo, e pela família é cativado.

O ritmo das coisas desacelerou.
Hoje o meu maior inimigo é o trânsito para buscar o filho na escola.
Hoje parado vejo tudo ao meu redor se mover. Aquele que era acostumado com a vitória, encontrou no seu sorriso a maior ameaça, um perigo que não fez questão de vencer.

O seu olhar chamou a atenção do meu olhar, dentro do relâmpago, o raio uma paixão encontrou.
Hoje, sou pai de família que ama a mulher e dá um beijo na testa do filho depois de contar a lenda de um herói que corria e salvava as pessoas. Ele sempre pede para contar um pouco mais da história.
Acho que não existe mais nada nesse mundo que eu queira ter. Já não mais consigo correr com as próprias pernas, já não me sinto só, já não sou mais um único ser.
(Gabriel Araújo)

Flash owned by DC Comics.
This sonnet is owned by Blog Versos Simples.

Sonnet for fair use and intended for entertainment purposes.


segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

Soneto em homenagem ao meu aniversário de 20 anos.


Aos 20 anos

Aos 20 anos, alguns sonhos ficaram pelo caminho.
Outros foram realizados.
Alguns se modificaram e outros foram criados, mas todos estão esperando pela sua vez.
Muita coisa se viveu e muita coisa ainda irá ser vivida.

Aos 20 anos, já vivemos tempos em que estivemos sozinhos e tempos de carinho.
Perdemos e ganhamos, dessas duas condições o mais importante são os aprendizados.
Alguns viveram tempos de maior timidez, outros viveram toda a vida com altivez.
Diante disso, o importante é fazer cada dia da vida um dia diferente
, independente do que formos no outro dia, com ações novas, mudar e aprender fazem parte da vida.

Aos 20 anos, alguns podem olhar para trás e se orgulhar das pedras que ficaram na estrada.
Esse gesto dá forças para aguentar os pedregulhos que a vida lhe aguarda.
E que são tão importantes para o crescimento, cada queda significa um novo levantar, cada ferida significa uma parte de sua história.

Aos 20 anos, alguns ainda pensam que são crianças, outros, envelheceram mais do que a passagem dos anos, duas formas tão destoantes e angustiadas.
A resposta vem com o tempo e do seu julgamento que não tarda.
Se daqui a 20 anos iremos olhar as palmas de nossas mãos e nos relembrar com orgulho, ou não, dos fragmentos que sobraram, desses nossos 20 primeiros anos, na memória.
(Gabriel Araújo)


sábado, 11 de fevereiro de 2017

Soneto da ruiva

Aquela que possui a essência das coisas vermelhas.
Ela é a brasa do fogo.
Ela é a irresistibilidade de uma grande paixão.
Da fênix, ela é o dom de renascer.

Como é lindo suas manias, como é lindo suas manhas.
Um incêndio, uma maresia, tudo faz parte de seu jogo.
Um equilibrado desequilíbrio, uma alternância de razão e emoção.
Um sorriso mora no seu rosto, faz parte da sua maneira de ser.

Se ela soubesse o quanto o sorriso dela é bonito.
Se ela soubesse o quanto as lágrimas dela são preciosas.
Não derramaria por alguém que não a merece.

Se ela soubesse o quanto o meu mundo florir quando vejo aquele olhar lindo.
Se ela soubesse o quanto necessito ouvir aquela voz dela, aquelas suas palavras tão atenciosas.
Coisas que são só dela e que, em silêncio, meu coração agradece.
(Gabriel Araújo)  



sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

Poema: Ritmo de romance


E se eu lhe dissesse que esta noite e todas as que virão eu sou todo seu.
O que você me diria?
E se eu lhe dissesse que este teu sorriso é a melhor paisagem de todas.
Paisagem essa que meus lábios não irão cansar jamais de fotografar.
O que você me diria?
E se eu lhe dissesse que estou escrevendo esse poema lembrando aquele horizonte dos teus olhos.
Horizonte que me dá as forças necessárias para encarar cada dia.
O que você me diria?

E se eu lhe lembrasse do dia em que perdemos o dia olhando as nuvens do céu.
Que eu melei seu nariz com sorvete e você disse que sempre me amaria.
O que você faria?
E se eu lhe lembrasse de todas aquelas milhares de cartas que fiz e você deixou todas guardadas.
Cartas que você reler todos os dias em que está triste e lhe ajudam a nunca deixar de sonhar.
O que você faria?
Você sempre disse que adoraria ver a passagem do tempo ao lado do meu cabelo grisalho.
Aposto que com os olhos, você sorriria.
Com todos esses planos, o que você faria?

Estamos no baile, sentados, olhando um para o outro.
Elogio o vestido que você demorou horas escolhendo.
E você terce comentários sobre a minha falta de compromisso com a hora.
Começa a música.
Aproveito um momento de distraio seu e lhe dou um beijo.
Então, a música nos chama para dançar.
O baile se abre para nós!
Estou me perdendo para teu ritmo.
Percebo que nunca fui dono de mim.
Enquanto beijamos você sorri.
Esse sorriso é tudo o que eu preciso para essa noite!

Enquanto nossos corpos se tocam.
E as luzes refletem sobre a gente.
Em um segundo reflito, congela-se o tempo.
Agora vejo tudo o quê já passou na minha vida.
Acordo e vejo você parada nesse salão de dança.
Vejo que tudo valeu a pena enquanto lhe abraço e dançamos juntos.
A noite será marcada por George Michael e aquelas baladas românticas dos anos oitenta.
Olhos fechados sentindo a música fluir por nós.
E os batimentos cardíacos vão se encontrando.
As respirações vão se esbarrando.
Vidas que se enlaçam e se tr
ansfiguram em passos de dança. 
(Gabriel Araújo)



Soneto da japonesa

Estes teus olhos pequenos.
Duas pérolas negras perdidas no oceano do teu rosto.
Olhos de quem tem muito o quê dizer. Guardas o segredo das águas.
O segredo das estações, da felicidade, do mistério de usar os olhos para sorrir.

Estes teus passos serenos.
Parece "koyos" caídos na frente de templo sagrado. Elementos que em paisagem são compostos.
Rosto que reflete o rio Arakawa
Relíquia do Oriente, um pedaço de beleza do Monte Fuji.

De cabelo fatiado no meio, com cheiro de jasmins conservados de passadas primaveras.
De olhar sonolento, olhos de vulcão adormecido.
De sorriso espontâneo, cada novo sorriso seu, será seu melhor sorriso.

Você é o tesouro guardado dessas terras.
Na guerra do amor, eu sou um guerreiro ocidental vencido.
Pelo charme que a flor oriental exalou. Hoje, é só dela que eu preciso.
(Gabriel Araújo)


quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

O você que eu inventei (O poeta e a monstra)
O título faz referência ao livro “O médico e o monstro” (Strange Case of Dr Jekyll and Mr Hyde) escrito em 1886 por Robert Louis Stevenson

A beleza desse sorriso que eu criei.
A irresistibilidade desse olhar que eu gerei.
A necessidade que eu concebi e que agora sofro por ter criado.
São consequências de uma tola ilusão criada em mim.

Com os meus sonhos eu lhe associei.
A ponto de que eles em você eu enxerguei.
De noite sou assustado por um monstro que eu mesmo havia inventado.
Que nem folhas de outono que depois da estação insistem em ficar no jardim.

Eu criei um amor onde não existia.
Eu moldei uma simetria em um modelo assimétrico.
Eu costurei retalhos para cobrir imperfeições.

Eu construir simpatia em solo de antipatia.
Eu instruir palavras em um campo sem armamento bélico.
A verdade é que todas as coisas que inventei de você só me causaram insatisfações.
(Gabriel Araújo)



Este soneto faz parte e encerra a trilogia chamada "Expedições pelo universo"

O primeiro habitante de lua.

O primeiro habitante da lua sofre de amor.
Resolvendo se isolar se tornou um prisioneiro sem correntes.
Preso e livre ao mesmo tempo.
Vive numa contradição existencial.

O primeiro habitante da lua é um excelente enganador.
Engana a si mesmo, pensa que venceu o medo, atitude de incoerentes.
Fugir não é solução, só serve para adiar o pensamento.
Pois, ao dormir, tem a Terra como horizonte do olhar, lhe lembrando de tudo o que ele deixou para trás, tudo que para ele era essencial.

O primeiro habitante da lua pode ser qualquer um de nós.
Isso será determinado conforme nossas atitudes.
Vagar sozinho ou tentar outra vez.

O primeiro habitante da lua está em todas as partes, isso não é feito de nenhum grande herói.
Isso não tem a ver com as virtudes.
São escolhas, a cada segundo nós erramos umas dez vezes, o sábio é aquele que a cada queda se levanta e combate como se fosse a última luta com altivez.
(Gabriel Araújo)





sábado, 4 de fevereiro de 2017

Este soneto faz parte da trilogia chamada "Expedições pelo universo"

Concha no espaço

Antes de partir ela me deu uma concha.
A mesma que eu lhe dei no dia que eu lhe conheci na praia.
A mesma que arrancou um sorriso dela.
A mesma que ela usava como colar no pescoço.

O astronauta viaja pelo universo. Isso não é uma grande façanha.
Façanha para mim, seria estar ao lado dela dentro de nossa casa.
Olhar para os nossos filhos brincando no quintal, pela janela.
Elogiar seu péssimo talento em cozinhar na hora do almoço.

As águas da Terra parecem as lágrimas que escorrem do meu uniforme.
As estrelas que no céu povoam me lembram do brilho em seu olhar.
Foi por esse motivo, que comprei uma delas e batizei com seu nome.

Não tenho notícias do meu amor, nenhum pássaro astuto que enfrente o espaço e me informe.
Mas, nas noites ela vem ao meu encontro me visitar.
Para me lembrar da promessa de que eu iria voltar para lhe devolver a concha. Fecho os olhos, assumo que as minhas forças para continuar vem dessa fonte.
(Gabriel Araújo)



quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

Este soneto faz parte da trilogia chamada "Expedições pelo universo"

Soneto da nebulosa (As estrelas, as nebulosas e as pessoas)

Uma estrela.

Nasce no horizonte das emoções.

No início é pequena e frágil.

No início é uma pequena luz em meio ao preto da escuridão.


Estava presente nas mãos de Van Gogh, uma fascinante aquarela.
Está nas palavras de Camões, sentimentos e suas definições.

Estará no sorriso do astronauta que pisar em solo de Marte, sonho volátil.
Passado, presente e futuro se encontram, formando uma bela composição.

A “primeira mãe” da galáxia, o encanto da astrologia.

De suas cores, nuvens geradoras, nascem a companhia dos solitários.
O El dourado do espaço, um presente divino do universo.

E as estrelas? Caminhos que apontam para o estábulo, luzes que guiam para outra luz, uma sagrada poesia.

E as nebulosas? Gestantes de planetas e de vida. Elementos do poema composto pela Via láctea tão necessários.
E as pessoas?  Da beleza das estrelas conseguimos trazer um pouco de esperança para as nossas vidas, inspiração para os artistas, e rima para este verso.
(Gabriel Araújo)



                                                                                 Nebulosa de Órion