quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Dando início a uma nova Coletânea aqui no blog: Amor,poesia e Brasil.

Para o amor não existe onde e nem quando

Era noite de festa no local onde moro.
Lua Cheia no céu escuro da Favela do Rio.
Cada detalhe, cada movimento que eu recordo.
Cada nova lembrança que invento e reinvento do imaginário.

Foi neste dia que conheci o melhor e o pior da minha vida.
Foi neste dia inclusive que vi pela primeira vez o rosto da minha mãe sorrindo,
Com tudo aquilo.
Eu encontrei o refúgio dos meus dias naquela branca que chegava ao baile toda atrevida.
Enquanto meu irmão achou que o caminho mais fácil era o melhor, acabou perdido.

Foram 4 meses que eu tive para entender que quando se trata de amor não existe onde e nem quando.
Existe querer, existe sentimento e existe se importar com o outro.
Momentos inesquecíveis, dois jovens pelados de madrugada na lagoa Rodrigo de Freitas, se desvirtuando.
Deitados na praia, observo apenas ela,
apenas aquele queimado do cabelo dela.
...

 Se ela me mostrou um mundo que eu não conhecia, eu a ensinei a simplicidade de um morador de Favela.
Mostrei que as generalizações do mundo atrapalham a vida de uns, mostrei o preconceito que ainda queima nas veias e na pele.
Fizemos um intercâmbio da realidade do morro do Vidigal e o bairro de Ipanema.
Somos mais um desses contos contemporâneos. Mais uma história que se repete
Apenas isso...

Numa tarde um desses contos teve o mesmo final trágico que outros já tiveram.
Em pleno sol de 40º graus, estávamos na varanda de minha casa, conforme a rotina que possuíamos, esperávamos o pôr-do-sol.
Por dívida de drogas do meu irmão, invadiram nossa casa. Tanta violência por apenas uns trocados? Trocaram aquele dinheiro para saciar a sede de sangue deles, com ela sangrando nos braços nos deixaram.
No calor do último suspiro, fizemos promessas de amor infinito. Inspirados em filmes hollywoodianos e livros de romance, fizemos do adeus uma sensação amenizada, e enquanto a vida se desvairava no chão frio de concreto. Dei o último beijo em Carol


Mais uma vez que um “casal do nosso tipo” acabou assim e o neguinho levou toda a culpa.
Só queria falar para a família dela que eu não consigo mais olhar para o pôr-do-sol, pois me lembra de mais uma daquelas histórias tristes que torcemos por um final feliz.
Tá difícil olhar para as outras pessoas sem lembrar o rosto da filha de vocês e eu aceito toda a culpa.
Entendo perfeitamente a fuga que vocês buscam pela dor que sentem. E agora entendo o verdadeiro sentido da palavra infeliz.
(Gabriel Araújo)